Você já parou para pensar como um termo criado a partir de duas palavras inglesas transformou o destino de uma nação e reverberou pelo mundo? Em 2020, um dos processos geopolíticos mais complexos do século XXI chegou ao seu ápice: a saída do Reino Unido da União Europeia. Mas o que muitos não sabem é que essa história começou muito antes do referendo do Brexit de 2016.
Desde os anos 1970, quando o país ingressou na Comunidade Econômica Europeia, movimentos questionavam a integração continental. Essa tensão entre identidade nacional e projetos coletivos moldou décadas de debates – e continua influenciando nossas próprias discussões sobre soberania e globalização.
Para nós brasileiros, entender esse fenômeno vai além da curiosidade histórica. As mudanças nos mercados globais, acordos comerciais e até na mobilidade internacional têm ligação direta com esse divisor de águas político. Vamos desvendar juntos como questões econômicas, culturais e sociais se entrelaçaram nesse processo que redefiniu o mapa geopolítico contemporâneo.
Principais aprendizados sobre o o Brexit
- O termo surgiu da combinação de “British” e “exit”, marcando a saída histórica do Reino Unido
- As raízes do movimento remontam a 1973, com debates sobre participação europeia
- O processo oficial ocorreu em 31/01/2020 após anos de negociações complexas
- Impacta relações internacionais e mercados, incluindo o Brasil
- Envolve questões de soberania, identidade cultural e integração regional
Saiba também Quais são os principais parceiros econômicos da Europa? Descubra
Introdução ao Brexit
Imagine um divórcio político que abalou as estruturas da Europa e redefiniu relações internacionais. Em 2017, o Reino Unido iniciou oficialmente seu processo de desligamento da União Europeia, culminando na saída efetiva em janeiro de 2020. Esse marco histórico transformou o país na primeira nação a deixar o bloco em mais de 60 anos de integração.
A expressão, criada da fusão entre “Britain” e “exit”, simboliza muito mais que uma decisão burocrática. Durante três anos de negociações, vimos debates acalorados no parlamento britânico e uma sociedade dividida entre vantagens econômicas e preservação da soberania nacional.
O que muitos não percebem é como esse evento ultrapassou fronteiras. Para nós, brasileiros, as mudanças em acordos comerciais e fluxos migratórios com a Europa ganharam novos contornos. O caso britânico virou referência global, mostrando os desafios de equilibrar projetos coletivos e interesses nacionais.
Entre 2017 e 2020, cada etapa do processo revelou complexidades inesperadas. Desde regulamentações aduaneiras até direitos de cidadãos europeus no país, cada detalhe exigiu anos de discussões. Essa jornada nos ensina como decisões geopolíticas podem afetar desde grandes empresas até o cidadão comum.
Entenda também Quais os países europeus que usam o Euro? Lista completa
O que é o Brexit?
Quando um país decide reescrever suas próprias regras de convivência internacional, o mundo presta atenção. A saída do Reino Unido da União Europeia em 2020 marcou um divisor de águas geopolítico. O termo que nomeia esse processo nasceu da mistura entre “British” (britânico) e “exit” (saída), criando uma palavra-chave para entender mudanças profundas.
Mais que uma decisão burocrática, essa separação histórica alterou relações comerciais, políticas migratórias e acordos internacionais. O Reino Unido tornou-se o primeiro país a deixar o bloco europeu desde sua fundação, rompendo uma parceria de quase cinco décadas.
O que diferencia esse movimento? Enquanto processos de independência geralmente envolvem nações buscando autonomia, aqui vimos um país desenvolvido abandonando voluntariamente um dos maiores mercados globais. A escolha britânica inspirou debates sobre soberania em todo o mundo.
Curiosamente, o conceito começou como uma ideia marginal nos anos 1990. Três décadas depois, transformou-se em realidade através de um referendo popular. Essa jornada mostra como questões complexas podem ganhar força na opinião pública.
O impacto ultrapassou fronteiras. Expressões como “Frexit” (França) e “Italexit” (Itália) surgiram como eco desse modelo. Para nós, brasileiros, entender essa saída ajuda a decifrar mudanças nas relações comerciais globais que afetam diretamente nossa economia.
Confira também O que é a União Europeia e como surgiu? Entenda melhor
Contexto fistórico: União Europeia e Reino Unido
A história da relação entre o Reino Unido e a Europa continental é marcada por idas e vindas. Tudo começou em 1951, quando seis países criaram a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço. Essa iniciativa pioneira buscava evitar novos conflitos após a Segunda Guerra Mundial.
Em 1957, os mesmos países assinaram os Tratados de Roma. Nascia assim a Comunidade Econômica Europeia, embrião da atual União Europeia. O Reino Unido preferiu manter distância, focando em sua rede global de influência.
Por que os britânicos ficaram de fora inicialmente? Dois fatores pesaram:
- Laços históricos com a Commonwealth
- Receio de perder soberania para instituições continentais
Charles de Gaulle, presidente francês, vetou duas tentativas britânicas de entrada nos anos 1960. Ele temia que o Reino Unido fosse um “cavalo de Troia” dos EUA. Só em 1973, com nova liderança francesa, o país finalmente ingressou na Comunidade Econômica Europeia.
Ano | Evento | Países-chave |
---|---|---|
1951 | Criação da CECA | França, Alemanha, Itália |
1957 | Tratados de Roma | 6 membros fundadores |
1973 | Adesão britânica | Reino Unido, Dinamarca |
Essa entrada tardia explica muito das tensões futuras. Desde o primeiro dia, os britânicos mantiveram uma relação de “amor e ódio” com a União Europeia. A semente do distanciamento já estava plantada décadas antes do referendo que mudaria tudo.
Saiba também Quais os países mais antigos da Europa? Descubra
O referendo de 2016 e a decisão histórica
O dia 23 de junho de 2016 entrou para a história como um divisor de águas na política europeia. Mais de 33 milhões de eleitores no Reino Unido decidiram o futuro do país na União Europeia, com diferença mínima: 51,8% optaram pela saída, contra 48,2% que preferiram a permanência.
Resultados por região
O mapa eleitoral revelou rachaduras profundas. Enquanto Londres e a Escócia votaram massivamente pela continuidade, áreas rurais da Inglaterra puxaram a vitória do “Leave”. Veja como cada região se posicionou:
Região | Permanência | Saída |
---|---|---|
Escócia | 62% | 38% |
Irlanda do Norte | 55,8% | 44,2% |
Londres | 59,9% | 40,1% |
Inglaterra (rural) | 43% | 57% |
País de Gales | 47,5% | 52,5% |
Participação eleitoral no Brexit
A campanha acirrada levou 72,1% dos britânicos às urnas – o maior índice desde 1992. Jovens entre 18-24 anos foram os que mais defenderam a União Europeia, enquanto eleitores acima de 65 anos lideraram o apoio à saída.
Essa divisão gerou tensões duradouras. A Escócia, onde 62% votaram pela permanência em junho, reacendeu debates sobre independência. Já a Irlanda do Norte enfrentou novos desafios para manter fronteiras abertas com a República da Irlanda.
Veja também Quais são os costumes europeus mais diferentes? Conheça
Negociações e acordos: o processo de saída
O caminho para a separação definitiva revelou desafios que testaram a diplomacia europeia. Após três anos de impasses, o Reino Unido precisou renegociar termos cruciais com a União Europeia. Cada detalhe técnico escondia implicações econômicas e políticas capazes de afetar milhões de pessoas.
Acordo de retirada revisado
Em 17 de outubro de 2019, um novo capítulo começou. Boris Johnson conseguiu aprovar um acordo revisado que eliminou a polêmica “cláusula da fronteira irlandesa”. A votação de 9 de janeiro de 2020 no parlamento britânico – 330 a 231 – selou o destino: a saída em 31 de janeiro 2020.
Esse texto equilibrou dois objetivos opostos: garantir a independência legislativa do Reino Unido e manter acesso ao mercado europeu. Direitos de cidadãos e dívidas financeiras foram pontos-chave que exigiram meses de conversas.
Período de transição pós-Brexit
Os 11 meses seguintes à saída oficial funcionaram como ponte entre os sistemas. Até dezembro de 2020, empresas e governos adaptaram-se às novas regras. O período evitou rupturas bruscas em cadeias de suprimentos e serviços públicos.
Na véspera do Natal de 2020, um novo acordo comercial garantiu tarifas zero para maioria dos produtos. Essa conquista evitou o temido cenário de “Brexit sem acordo”, que traria custos bilionários para ambos os lados.
Confira também Quais os melhores países da Europa para estudar? Confira
Impactos políticos no Reino Unido
A onda de mudanças políticas geradas pela saída britânica reescreveu as regras do jogo governamental. David Cameron, primeiro-ministro que apostou no referendo como estratégia política, renunciou 24 horas após o resultado inesperado. Sua saída marcou o início de uma era de instabilidade sem precedentes.
Theresa May assumiu com a missão de concretizar a decisão popular. Durante três anos, enfrentou um parlamento dividido que rejeitou seu acordo com a União Europeia por três vezes consecutivas. A pressão política forçou sua renúncia em 2019, mostrando o custo real de liderar um processo tão polarizador.
Boris Johnson entrou em cena como o terceiro primeiro-ministro desde 2016. Seu governo criou um ministério exclusivo para a saída, com 300 especialistas dedicados. A estratégia agressiva de negociações conseguiu fechar o acordo, mas dividiu ainda mais a sociedade britânica.
Para nós, brasileiros, esse turbilhão político ensina como decisões complexas exigem apoio consistente da população e das instituições. O caso do Reino Unido mostra que até nações tradicionais podem enfrentar crises de governabilidade quando projetos nacionais geram divisões profundas.
Veja também Como conseguir emprego na Europa? Veja nosso guia completo